
Todos nós desejamos
satisfação pessoal. É uma vontade constante de conquistar novas vitórias,
comprar mais sapatos, realizar mais viagens. A gente pode até dizer: “quando eu
fizer aquela viagem de férias, vou ficar satisfeito”. No entanto, antes de
voltar das férias, já estamos planejando como será a próxima viagem. Nosso
coração é insaciável por novas conquistas. Tem gente que mal começou uma
faculdade, já está pensando em fazer mais dois cursos superiores depois de
concluir o atual. Outras pessoas têm tanto dinheiro que não precisariam mais
trabalhar. Apesar disso, continuam se dedicando a grandes empreendimentos. Mas,
e daí? Há algum problema nisso?
Acho que não. É
totalmente natural querer mais sensações, experiências, bens materiais. Não acredito
que essa “fome” seja ruim. Verdade é que alguns se perdem na busca por
satisfação. Procuram atalhos para chegar logo à realização dos sonhos deixando,
porém, a ética e o bom senso de lado. Mas o meu ponto neste texto é o seguinte:
talvez, esse desejo constante por satisfação pessoal sinalize algo maior,
transcendente, eterno.
Para tratar disso,
quero falar de um conflito que comumente enfrentamos: o fato de que nossos
pensamentos podem infinitamente mais que nós mesmos. Quem nunca sonhou, algum
dia, que estava voando? Não era uma sensação maravilhosa? A gente chega até a
acreditar que realmente voa, e parece tão natural voar por aí... Até que o despertador
toca e acabou a festa! Temos que caminhar, pegar ônibus, dirigir, mas nada de
voar. Seria tão mais fácil ir ao trabalho voando, como no sonho... Nessas horas
a diferença entre a “realidade” do sonho e a “realidade realidade” é gritante. Poderíamos,
portanto, fazer um esforço para perceber uma mensagem que há por trás disso.
Os nossos pensamentos
podem tudo. Quando buscamos por satisfação pessoal, sempre nos deparamos com
barreiras, impossibilidades e falta de recursos. Mas, quando sonhamos, os recursos
são infinitos, e as barreiras são todas transponíveis. E o que isso demonstra? Que
os nossos desejos insaciáveis e os nossos sonhos sinalizam uma realização plena
que existe de fato, mas está além. Acredito que aqui, em nossa existência sobre
a Terra, todas as tentativas de satisfação plena são apenas paliativas, a não
ser que se busque um relacionamento com algo que transcenda tanto o pensamento
quanto a realidade.
A pergunta
inevitável: o que é esse “algo”? Suponho que o maior sinal de sua existência
seja a sua falta. Se você parar para realmente pensar no sentido da vida, em
algum lugar dentro de si, vai se deparar com um imenso outdoor onde estará escrito: FALTA ALGUMA COISA. Ora, aquilo que
não está lá, existe em algum outro lugar. Nesse sentido, tenho algumas dicas
para aqueles que se interessam em encontrar esse “algo” que falta.
Primeiro, não faz
sentido acreditar que todos os caminhos levem a um bom lugar. Existe um Caminho
de Verdade para se achar Vida. E ninguém se satisfaz a não ser por ele.
Segundo, esta é uma jornada individual – ninguém pode fazer por você. Terceiro,
talvez a questão não seja “encontrar algo”, mas deixar-se encontrar por Ele. Quem
sabe Ele te encontre por meio de uma prece sincera, ou através de um livro que
está sempre aberto na estante da sua casa, mas ninguém lê.
Enfim, enquanto os
dias passam, nossa fome continua. Nada que possamos conquistar nos provê
contentamento tal que não desejemos algo mais. Logo, resta-nos entender que um
desejo infinito só pode ser satisfeito por alguém Infinito. E esta compreensão
é o primeiro passo para se alcançar a satisfação maior, transcendente, eterna.