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terça-feira, 3 de junho de 2014

Vontade de crescer



O aperfeiçoamento pessoal é uma das grandes motivações dos nossos dias. Quando se consideram as crescentes exigências do mercado de trabalho, então, torna-se quase obrigatório se esforçar para ser uma pessoa mais produtiva, mais capaz. Ler bons livros, fazer algum curso, aprender uma nova palavra em inglês – tudo vale a pena se a vontade de ser uma pessoa melhor não é pequena.
Mas, o que é ser uma pessoa melhor?
Naturalmente, o tempo está sempre passando. Enquanto isso, as pessoas mudam sem que possam evitar a própria mudança. Nós não somos agora quem seremos daqui a um ano. É como se todos estivéssemos sendo levados por um rio e, sem percebermos, já nos encontramos em outro lugar. Conscientes disso ou não, borbulha dentro de nós uma vontade de evoluir, de crescer; só não sabemos como. Nessa busca, acabamos nos convencendo de que “ter mais” é igual a ser uma pessoa melhor.
Funciona assim: se eu fiz um curso de computação no último mês, concluo que sou melhor do que era antes do curso, visto que agora tenho mais conhecimento. Se o meu salário aumentou na última semana, logo sou uma pessoa melhor agora, porque tenho mais dinheiro. Está dando para perceber por esses exemplos? “Ter mais” conhecimento, mais dinheiro, mais status social... Parece ser esse o caminho. Contudo, às vezes penso que o caminho, mesmo, é compartilhar o que se tem.
A ideia é a seguinte: quando temos mais, apenas temos mais. Porém, quando compartilhamos o que temos, aí é que somos pessoas melhores. A prova de que me tornei uma pessoa melhor é que me tornei melhor para o próximo.

Talvez você não tenha tanto dinheiro agora quanto sonhou que teria ao fazer seus cálculos doze meses atrás. Talvez você não tenha tido tempo de fazer nenhum curso no último ano; ou, quem sabe, não tenha lido tantos livros quantos pretendia. Entretanto, se decidiu compartilhar com alguém o que já tinha (conhecimento, tempo, carinho, até mesmo money), então você realmente cresceu. Quem compartilha se arrisca a ter menos para ser mais. Mas, será que vale a pena? Repito: tudo vale a pena se a vontade de ser uma pessoa melhor não é pequena.

domingo, 30 de março de 2014

O Teste do Tempo


Todo ser humano que caminha sobre este planeta é submetido a diferentes tipos de testes. Um dos mais comuns é o Teste do Tempo. O que chamo de Teste do Tempo é o espaço temporal que existe entre o surgimento do nosso desejo e a sua satisfação. É inevitável: a maioria das coisas que realmente têm valor neste mundo exige tempo para ser conquistada.

Com o avanço da tecnologia, parece que temos nos acostumado a satisfazer nossas vontades rapidamente. O controle remoto nos faz trocar de canal a cada segundo. O forno microondas acelera o fim do nosso apetite. Os meios de transporte nos fazem atravessar grandes distâncias cada vez mais rapidamente. Para falar com alguém, não precisamos nos deslocar nem sequer alguns metros... É só usar o WhatsApp. Com todas essas facilidades, somos levados a pensar que tudo na vida pode ser alcançado facilmente, o que não é verdade.   

Saltar etapas não é opção para quem pretende alcançar vitórias duradouras. Não dá para chegar à faculdade sem cursar o Ensino Médio, mesmo fazendo supletivo. Não dá para viver em paz junto à família sem levar um bom tempo lutando contra a própria natureza para alcançar uma boa convivência. A espera perpassa todas as fases do processo, e é parte importante para a construção do nosso caráter. Acontece que, às vezes, já temos feito todo o necessário, mas aquilo que queremos simplesmente não se faz real. O que fazer para dar um fim nessa sensação de não estar produzindo nada, de estar passando por um tempo inútil?

Para começar, devemos nos lembrar que tempo algum é inútil, ainda que não estejamos realizando nada concreto. O apóstolo São Paulo era um homem muito ativo e devia ser insuportável para ele imaginar a si mesmo sem realizar obras para Deus. No entanto, em muitas ocasiões ele foi preso injustamente, o que o forçava a passar longos períodos sem realizar tudo o que queria, ou, mesmo, cuidar das pessoas que amava. Apesar disso, ele aproveitou o tempo em que esteve preso e escreveu cartas para dar instruções e fornecer consolo aos seus amigos. Essas cartas são lidas até hoje e fornecem instrução e consolo para milhões de pessoas no mundo inteiro.  

A exemplo de Paulo, podemos tornar útil o nosso tempo de espera a partir do momento em que decidirmos esperar ativamente, realizando algo que esteja ao nosso alcance. Se já fizemos tudo o que podíamos por uma causa, podemos fazer algo por outra causa. Há sempre alguém precisando de uma palavra de conforto ou uma mão amiga.

Enquanto esperamos, não devemos nos exasperar. Tornar-se irritadiço ou amargo não contribui em nada – pode crer. A paciência é a virtude mais abundante nos vitoriosos, mas, ao mesmo tempo, a menos evidente. Atribuem ao meu xará Isaac Newton a seguinte frase: “Se fiz descobertas valiosas, foi mais por ter paciência do que por qualquer outro talento”.

Finalmente, saber esperar é não desistir por causa da demora. Desistindo, você não apenas não alcança o que pretende, como desperdiça o seu tempo e toda a dedicação empregada. O Teste do Tempo não é fácil, mas os testes existem para que nós sejamos aprovados.  Então, tenha paciência, pois é certo o que disseram: “O que vale a pena possuir, vale a pena esperar”.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sonhadores incorrigíveis


Frustração. Todo mundo já passou por isso. Quanto maiores as expectativas em relação a um sonho, maior a frustração caso o sonho não se realize. E que gosto amargo tem a sobremesa que não veio. Poderia ter gosto de nada, mas tem gosto amargo.

O caminho da frustração começa da seguinte maneira: num belo dia, você tem um sonho. Daí em diante, vai alimentar esse sonho em seu coração e buscar possibilidades de realizá-lo. Começa, então, a trabalhar pelo sonho, seja estudando muito, se esforçando muito mais no trabalho ou insistindo em demonstrar o seu amor a alguém que não corresponde. O tempo passa, mas sua motivação é maior. Os obstáculos surgem, mas eles não te desanimam. Sua determinação é inabalável. Até que... a casa cai: você não passa no concurso, é despedido, ou ouve um “não quero namorar você, vamos ser só amigos”. O chão desaparece, a tristeza se estabelece e a gente não sabe mais o que esperar da vida. Frustração.

O que fazer quando aquilo pelo que lutamos simplesmente não se realiza? Ainda mais quando é algo tão natural, como ter um filho... “Por que todo mundo pode ter e eu não?” Somente quem ainda não alcançou aquilo que tanto se almeja sabe o quanto realmente vale a realização do sonho. E não adianta nos dar um tapinha nas costas e dizer “não fica assim, não. Vai dar tudo certo...”, porque já não está dando tudo certo coisa nenhuma! E a frustração vem e se destila em lágrimas...

Longe de querer oferecer uma fórmula para sair da frustração, quero apenas me assentar na assembléia dos frustrados anônimos e compartilhar que, enquanto escrevo estas linhas, sinto o mesmo sabor de sobremesa que não veio. Como sair dessa? Não sei dizer. Mas intuo que me revoltar e destruir tudo o que construí não deve ser a solução. É difícil enxergar, mas ainda há muita coisa boa acontecendo neste mesmo momento e não nos damos conta.

Neste exercício de combate à frustração, podemos buscar, com um pouco de esforço, coisas pelas quais poderíamos agradecer. O sonho pode ter virado fumaça, mas a comida ainda está na mesa, ainda temos o que vestir e pessoas para amar. Por que não agradecer? Não vai doer dizer obrigado.

Outra atitude seria entender que, se o que queríamos não se concretizou, pelo menos aprendemos algo com tudo isso. Esse aprendizado pode nos levar a grandes conquistas futuras. Podemos, também, valorizar o que já conseguimos: não é porque faltou dinheiro para terminar de construir a casa que as paredes erguidas não têm valor – não devemos derrubá-las. É melhor arejar a cabeça, pensando em outras coisas por um tempo, até que tenhamos recobrado forças para terminar a obra.

Nessas horas, quem exercita a fé tem uma vantagem: pode contar com Alguém além dos amigos. A verdadeira prática da fé não prejudica a ninguém, mas fornece uma força extra àquele que a ela se dedica. Um lembrete: é covardia culpar ao Ser Superior pelos seus problemas, quando você mesmo não tem coragem de assumir sua parcela de culpa no processo. Assuma seus erros e exercite a fé. Ainda que a esperança tenha sido a última a morrer, e efetivamente tenha morrido, a fé renasce como a fênix.    


Dias vêm, dias vão, e a dor vai ficando mais suportável. O prazer de viver está apenas escondido atrás das nuvens escuras, mas está lá. Certa hora a chuva vai passar, e os primeiros raios de sol surgirão com novos sonhos. E se der tudo errado outra vez? Pode ser que eu me decepcione, mas também pode ser que eu me realize! Não vou deixar o medo me paralisar. A fé sussurra em nosso ouvido que o melhor ainda está a caminho. Somos sonhadores incorrigíveis... Posso ter me frustrado, mas não consigo deixar de crer que, amanhã, ou depois, a sobremesa ainda virá, mais saborosa do que sonhei.  

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Mudar os outros



É muito ruim conviver com pessoas chatas. Tem gente que é insuportável, não é mesmo? Sempre têm uma coisa negativa pra dizer, sempre reclamando do clima, da roupa, do ar, da comida... Pessoas irritantes assim deveriam mudar! Falam mal dos outros pelas costas, são arrogantes, prepotentes. Eu não suporto pessoas assim, mas acontece que eu vivo sempre cercado delas!  Acho que me falta entender que a razão disso é que o verdadeiro chato, irritante, arrogante e prepotente sou eu.

Todo mundo tem o seu dia para acordar de mau humor. Sabe aquela vez que você teve que comparecer ao casamento da sua amiga na noite anterior e foi obrigada a ficar até o final da festa? Ninguém perguntou se você teria que trabalhar no outro dia! Sua amiga insistiu que você não deveria ir embora até partirem o bolo, só que as horas passam e o bendito bolo não é servido. Lá para as duas da madrugada, finalmente partem o bolo, mas a festa não acabou: faltam as fotos! Quando você finalmente consegue chegar em casa, já são umas quatro da manhã. Então você acorda para ir ao trabalho com aquele mau humor, que quando alguém te diz “bom dia”, a vontade é de responder com um “não enche”...

Se você já passou por isso, não tem problema. Ter um dia ruim de vez em quando é normal. A gente fica meio insuportável nesses momentos. No entanto, fazer do nosso dia a dia uma caçada aos defeitos dos outros, buscando insistentemente razões para acreditar que todos à nossa volta são irritantes, não parece bom. Se todos à minha volta são chatos, o que me faz acreditar que eu sou a exceção?

    Muito frequentemente, a maneira que as pessoas nos tratam é uma resposta à maneira como as tratamos. Contudo, é difícil fazer uma autoanálise acurada para saber se o meu jeito de lidar com o próximo é apropriado. Existem lances num jogo de futebol que só podem ser vistos da arquibancada. Ou seja, existem defeitos em nós que só os outros enxergam. A dica é: se todo mundo te trata mal, algo está errado com você.

Eckhart Tolle, escritor norte-americano, afirma que “aquilo que nós achamos mais irritante nos outros é, na verdade, um indicador daquilo que nós achamos (inconscientemente) mais irritante em nós mesmos”. Logo, se o que mais me irrita nos outros é a arrogância, provavelmente o indivíduo mais arrogante que conheço é aquele que eu vejo no espelho todas as manhãs. Difícil admitir isso, não é? Mas o reconhecimento de um defeito pode ser a primeira etapa de uma mudança para melhor.

Nem sempre é assim, mas, não raro, o ambiente em que nós vivemos reflete as nossas atitudes. Experimente ser alguém mais tolerante e você vai perceber mais tolerância nas pessoas à sua volta. Isso acontece, também, se você acrescenta o amor, o perdão, a gentileza... “gentileza gera gentileza”, já dizia o profeta. E quem sabe esse círculo vicioso, essa roda viva do bem não carregue o mau humor pra lá...

Seria bem mais fácil se todo mundo, de repente, mudasse para melhor. Mas, como isso não acontece, só nos resta mudarmos a nós mesmos. Dá trabalho, mas, também, dá muitas alegrias. E, com um pouco de paciência, pode se tornar realidade o conselho do Pensador: “muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente”.      

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Desejo infinito - satisfação eterna



Todos nós desejamos satisfação pessoal. É uma vontade constante de conquistar novas vitórias, comprar mais sapatos, realizar mais viagens. A gente pode até dizer: “quando eu fizer aquela viagem de férias, vou ficar satisfeito”. No entanto, antes de voltar das férias, já estamos planejando como será a próxima viagem. Nosso coração é insaciável por novas conquistas. Tem gente que mal começou uma faculdade, já está pensando em fazer mais dois cursos superiores depois de concluir o atual. Outras pessoas têm tanto dinheiro que não precisariam mais trabalhar. Apesar disso, continuam se dedicando a grandes empreendimentos. Mas, e daí? Há algum problema nisso?

Acho que não. É totalmente natural querer mais sensações, experiências, bens materiais. Não acredito que essa “fome” seja ruim. Verdade é que alguns se perdem na busca por satisfação. Procuram atalhos para chegar logo à realização dos sonhos deixando, porém, a ética e o bom senso de lado. Mas o meu ponto neste texto é o seguinte: talvez, esse desejo constante por satisfação pessoal sinalize algo maior, transcendente, eterno.

Para tratar disso, quero falar de um conflito que comumente enfrentamos: o fato de que nossos pensamentos podem infinitamente mais que nós mesmos. Quem nunca sonhou, algum dia, que estava voando? Não era uma sensação maravilhosa? A gente chega até a acreditar que realmente voa, e parece tão natural voar por aí... Até que o despertador toca e acabou a festa! Temos que caminhar, pegar ônibus, dirigir, mas nada de voar. Seria tão mais fácil ir ao trabalho voando, como no sonho... Nessas horas a diferença entre a “realidade” do sonho e a “realidade realidade” é gritante. Poderíamos, portanto, fazer um esforço para perceber uma mensagem que há por trás disso.  

Os nossos pensamentos podem tudo. Quando buscamos por satisfação pessoal, sempre nos deparamos com barreiras, impossibilidades e falta de recursos. Mas, quando sonhamos, os recursos são infinitos, e as barreiras são todas transponíveis. E o que isso demonstra? Que os nossos desejos insaciáveis e os nossos sonhos sinalizam uma realização plena que existe de fato, mas está além. Acredito que aqui, em nossa existência sobre a Terra, todas as tentativas de satisfação plena são apenas paliativas, a não ser que se busque um relacionamento com algo que transcenda tanto o pensamento quanto a realidade.

A pergunta inevitável: o que é esse “algo”? Suponho que o maior sinal de sua existência seja a sua falta. Se você parar para realmente pensar no sentido da vida, em algum lugar dentro de si, vai se deparar com um imenso outdoor onde estará escrito: FALTA ALGUMA COISA. Ora, aquilo que não está lá, existe em algum outro lugar. Nesse sentido, tenho algumas dicas para aqueles que se interessam em encontrar esse “algo” que falta.

Primeiro, não faz sentido acreditar que todos os caminhos levem a um bom lugar. Existe um Caminho de Verdade para se achar Vida. E ninguém se satisfaz a não ser por ele. Segundo, esta é uma jornada individual – ninguém pode fazer por você. Terceiro, talvez a questão não seja “encontrar algo”, mas deixar-se encontrar por Ele. Quem sabe Ele te encontre por meio de uma prece sincera, ou através de um livro que está sempre aberto na estante da sua casa, mas ninguém lê.     


Enfim, enquanto os dias passam, nossa fome continua. Nada que possamos conquistar nos provê contentamento tal que não desejemos algo mais. Logo, resta-nos entender que um desejo infinito só pode ser satisfeito por alguém Infinito. E esta compreensão é o primeiro passo para se alcançar a satisfação maior, transcendente, eterna.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Prioridade de verdade


Segundo um dicionário que consultei, prioridade é aquilo que está em primeiro lugar, ou aquilo que aparece primeiro numa ordem de importância. Mas você já sabia o que é prioridade, não é? Provavelmente perdi meu tempo procurando o significado de uma palavra tão conhecida. Permita-me, porém, discordar dessa hipótese. Prioridade é uma daquelas palavras das quais sabemos o significado, mas agimos como se não soubéssemos. Duvida?

Não poucas vezes flagro a mim mesmo num conflito: quais são as coisas mais importantes da minha vida? Posso pegar uma caneta agora e começar a escrever. Sei que anotarei num caderno os nomes de familiares e amigos, coisas relacionadas ao meu trabalho e projetos futuros, provavelmente nesta ordem. Contudo, quando olho para o meu dia a dia, pode ser que eu não veja essa lista refletida em minhas atitudes.

É bem comum dizermos: “Ah, a minha família é a coisa mais importante da minha vida”. Apesar disso, o tempo de qualidade que dedicamos às pessoas do nosso círculo familiar não corresponde à nossa afirmação. Outras vezes estamos tão preocupados em termos um futuro de sucesso que negligenciamos nosso trabalho, deixando a desejar em nossas atividades. Isso também acontece quando dizemos priorizar nossa espiritualidade, mas não dedicamos tempo algum para desenvolvê-la.

Stephen R. Covey, autor do livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, afirma que a melhor maneira de corrigirmos nossas prioridades é colocarmos as coisas mais importantes no lugar mais importante, de verdade.  Ele nos aconselha a identificar (fazer uma lista com) as coisas realmente importantes em nossa vida e nos dedicar a elas, de maneira que aquilo que dizemos possa corresponder ao que fazemos. E isso ocorrerá quando você puder observar suas atividades diárias e perceber que verdadeiramente está se dedicando às coisas que considera importantes – na prática.

Um ponto relevante é procurar não compensar uma prioridade por outra menos importante. Por exemplo: o tempo que os pais devem dedicar aos seus filhos é inestimável. Jamais o nosso trabalho, os presentes que damos aos nossos filhos ou a mensalidade que pagamos da escola poderão substituir os momentos que podemos passar simplesmente nos relacionando com eles. Não podemos conquistar nossos filhos pagando-lhes a faculdade. Nas palavras de Goethe: “As coisas que mais importam não deveriam depender das coisas que importam menos”.

Acho que já deu pra perceber que, muitas vezes, agimos como se não soubéssemos o que é prioridade. “Prioridade é prioridade!” – ouvimos nosso patrão dizer. E ele tem razão. As coisas às quais eu não ofereço minha dedicação não podem ser importantes para mim. E se, porventura, exista uma Pessoa, ou pessoas ou coisas que mereçam nossa dedicação, que comecemos, agora, a agir de acordo com o valor que elas têm. Que possamos, enfim, colocar as coisas mais importantes no lugar mais importante. 


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Entre vales e montanhas

A vida é uma constante surpresa. Por mais que pensemos que no futuro as coisas sucederão como imaginamos, invariavelmente nos surpreendemos com novas possibilidades se tornando reais. Muitas pessoas reclamam do fato de não saberem o que vai ocorrer, permitindo ser atormentadas por preocupações e pelo medo. Mas o fato é que, não conhecer o futuro é uma dádiva.

Imagine que a vida é uma viagem que você planejou durante anos – uma trilha nas montanhas mais belas que se possa imaginar. Depois de ter analisado previamente todos os guias de viagem, de ter sonhado com os momentos alegres que você viveria, de ter pesquisado na internet todos os lugares legais  que poderia visitar, agora você se encontra com os pés sobre o tão sonhado lugar e a realização do sonho já começou. A vida é assim, com a diferença que não foi você quem planejou a viagem, mas Alguém a preparou com muitas surpresas agradáveis para que você as vivenciasse a cada dia.

Quem gosta de fazer trilhas sabe que o fator surpresa é fundamental para que haja diversão nesse tipo de lazer. Podemos preparar nossa mochila com todos os utensílios necessários, planejar o percurso, mas nunca sabemos de antemão o que irá ocorrer, de verdade. Ainda bem! De outra maneira, como poderíamos sentir a alegria de encontrar um fascinante animal silvestre, uma caverna inexplorada, uma lugar sobre a montanha de onde se possa contemplar um lindo pôr do sol? O Mastercard pode ser útil para muitas coisas, mas essas surpresas não têm preço.

Outrossim, a vida está cheia de coisas boas por acontecer, das quais ainda não temos consciência. Ora, se não fosse assim, não seriam surpresas. Cabe a nós trilhar o nosso caminho, não com preocupações excessivas, mas com uma ardente expectativa pelas coisas maravilhosas que estão prestes a tornar-se reais. E posso afirmar que esse sentimento é muito mais intenso no coração de quem acredita que um certo Agente de viagens preparou tudo com amor, para a nossa felicidade. 

Considerando que já nos encontramos em nossa Viagem, devemos ter consciência de que não podemos escolher outra, mas, sim, tentar fazer com que esta seja a melhor possível. Não podemos viver a vida de outra pessoa. Contudo, é essencial carregar nossa mochila com amor ao próximo, perdão e sabedoria para qualquer eventualidade em nossa trilha.


Muitos vales vão surgir, e vai ser difícil atravessá-los. Não se pode passar para uma montanha mais alta sem se enfrentar o vale. Apesar disso, pode ter certeza, depois de passar pelo vale e ter escalado a montanha, a vista lá de cima vai ser surpreendente, e vai valer a pena.

Publicado no Diário do Sudoeste

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Jogo da Vida

Tem sido para mim divertimento
Viver a vida com sabedoria
Andar sempre em boa companhia
Buscar lançar de mim todo o tormento

E ainda que nas curvas desta Estrada
Por algum erro eu venha a ter apertos
Procuro obter o máximo de acertos
Que a vida é jogo de uma só rodada

Não há plano perfeito, a não ser
Usar na hora certa aquelas cartas
Que Deus me deu pra com elas vencer

Não posso vacilar nesta partida
E verdade é que nem sei jogar cartas
Mas tenho aprendido a jogar Vida.




15/11/10

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Brincando de bolhas

Já decidi. Vou usar estas linhas para contar um segredo meu, o qual, na verdade, eu gostaria de ocultar. O poeta Fernando Pessoa já dizia que não conhecia ninguém que tivesse a coragem de confessar uma infâmia, mas eu quero ter essa coragem. Antes de contar meu segredo, porém, quero convidar você a refletir um pouco sobre a vida.

Certa vez, há alguns anos atrás, tive que ficar internado num hospital por causa de uma cirurgia. Deu tudo certo, graças a Deus, mas tive que ficar oito dias internado, sem quase nunca poder ver a luz do sol ou caminhar livremente. Quando saí daquele lugar, contudo, pude experimentar sensações que jamais havia sentido: o prazer de ficar sob o sol ao ar livre, a sensação deliciosa de caminhar pelas ruas da minha cidade, a alegria de tomar um banho de chuveiro.

Daí, alguém poderia me perguntar: “Quer dizer que você jamais havia ficado sob o sol, caminhado pela rua ou tomado banho antes de ficar internado nesse hospital? Faz sentido você precisar de internação...” – e aquele sorriso irônico no rosto. Mas, não, não é questão de falta de higiene ou coisa assim. O caso é o seguinte: é claro que eu já havia feito tudo aquilo. Porém, não da maneira com que o fiz depois daqueles oito dias de clausura entre as frias paredes do hospital. Permita-me explicar melhor.

Você certamente já ouviu alguém falar: “A gente só dá valor às coisas quando as perde”. Eu concordo. Antes daqueles oito longos dias, eu jamais tinha pensado no quanto é prazeroso simplesmente ficar sob o sol, até o momento em que isso foi tirado de mim. Na hora do banho, devido à cirurgia, eu não conseguia me levantar do leito. Quão precioso se tornou, naquele momento, um simples banho de chuveiro! E quanto a caminhar por aí? Ah, era o que eu mais desejava...

Caminhadas à parte, acho que já é hora de contar o segredo que prometi no começo deste texto. Promessa é dívida, então lá vai: Eu, em plena fase adulta, gosto de brincar de soprar bolhas de sabão nas horas livres. Sim, confesso, e não posso esconder que sinto um pouco de vergonha enquanto escrevo estas palavras... E sim, é coisa de criança. Pode rir. Mas quando vejo as bolhas surgirem ao meu sopro, tão coloridas e bonitas, isso me faz lembrar de tomar banho e caminhar ao sol...

Essas coisas simples e corriqueiras são como as bolhas de soprar, que num momento aparecem no ar e logo desaparecem. Nós costumamos valorizar apenas os “momentos especiais”, esquecendo-nos de sermos gratos pelos momentos que se repetem todos os dias, mas que são essenciais. Você pode se lembrar com gratidão do dia em que ingressou à universidade, ou do dia do seu casamento, ou mesmo do nascimento do seu primeiro filho. E isso é ótimo. Entretanto, precisa valorizar o seu dia de hoje, ainda que nada extraordinário aconteça. Este dia “normal” que estamos vivendo agora, é feito de tempo, o mesmo material de que é feita nossa vida.


Divirto-me bastante ao fazer bolhas. Ainda mais quando algumas crianças vêm para brincar. Quanto mais elas se alegram, mais bolhas eu faço. A alegria que transmitem enquanto brincam é uma grande lição para mim: jamais quero deixar passar sequer um minuto, ainda que efêmero e corriqueiro, sem tratá-lo como o melhor momento da minha vida. Assim, tenho certeza de que a Vida me soprará muito mais bolhas para eu brincar.  

(Texto originalmente publicado no jornal Diário do Sudoeste da Bahia).