Lembro-me quando eu
era criança. Assim que ganhava um presente de algum adulto, a única coisa que
eu queria era abrir o embrulho e ir brincar. Mas, quando já estava com o
brinquedo nas mãos e começava a dar as costas para quem tinha me presenteado,
vinha minha mãe e dizia: “como é que se diz?” Então, meio a contragosto, sem
entender muito bem para que servia dizer aquilo, eu me virava para a pessoa que
me presenteara e dizia: “obrigado”, e logo corria para desfrutar do meu novo
tesouro.
Quem jamais passou
por isso? E quem também nunca se sentiu satisfeito com a demonstração de
gratidão de uma criança com o brinquedo que lhe compramos? A gratidão faz isso:
traz satisfação a quem faz o bem, ao mesmo tempo em que abre o caminho para o
recebedor ser agraciado mais uma vez com alguma dádiva. Afinal, é às pessoas
mais gratas que nos sentimos mais propensos a beneficiar.
Entretanto, às
vezes penso que a gratidão verdadeira tem se mostrado rara em nossa sociedade.
Tenho notado que as pessoas têm dito “obrigado” cada vez mais, porém de maneira
um tanto automática, mecânica. O agradecimento tornou-se um gesto
obrigatório para demonstrar que somos civilizados, e apenas isso. Talvez
porque, quando crianças, nossos pais nos ensinassem apenas a dizer“obrigado”, e não a sentir.
Um pastor alemão
(não o cachorro!) chamado Dietrich Bonhoeffer disse, certa vez: “É somente com
a gratidão que a vida se torna rica”. Com isso, podemos entender que uma pessoa
pode até ter coisas que façam com que outros lhe chamem “rica”, mas, se ela não
é agradecida por todas as dádivas que recebeu, essa riqueza é uma ilusão. Digo
isto porque a gratidão é irmã gêmea da satisfação. Ora, se você não é grato
pelo que tem, logo não é satisfeito, é infeliz. Mas quem é grato é infinitamente
rico, pois tem todo o universo à sua disposição.
Não basta dizer
“obrigado”, ou “agradecido” ou “valeu, mesmo!”. Lembre-se de você quando
criança: aquela alegria transbordante; a vontade de correr só de prazer por ter
ganhado um carrinho ou uma boneca... Palavra alguma pode traduzir corretamente
esse sentimento, mas encontraram uma para nomeá-lo: gratidão. E nós não fazemos
ideia do que esse sentimento é capaz de trazer.
Você pode se
imaginar como uma criança agora mesmo: a saúde, o alimento sobre a mesa, as
roupas que você usa e o ar que respira são dádivas que todos os dias um Adulto
te oferece. A esse Adulto alguns chamam de Vida, outros de Universo; eu chamo
de Deus. Saiba que o seu sorriso é o maior incentivo para que Ele sinta-se
ainda mais motivado a te agraciar com múltiplas bênçãos.
E a partir de hoje,
quando a Vida entregar em suas mãos um lindo embrulho (e ela faz isso todos os
dias), lembre-se de sentir-se intensamente satisfeito e sorrir. E quando o seu
coração estiver transbordando de gratidão, diga “obrigado”. É assim que se
diz.
(Texto originalmente publicado no
jornal Diário do Sudoeste da Bahia).
As pessoas realmente têm sentido menos essa gratidão, tem esquecido o quanto isso é importante.
ResponderExcluirBeijo.
Isso mesmo! E é sempre bom relembrar a importância disso!
ExcluirObrigado pelo comentário!
Isaac, que lindo.Amei o texto, você arrasou! Que esse Deus maravilhoso continue te inspirando tanta coisa boa!! saudade!
ResponderExcluirFico muito feliz que você tenha lido e gostado, Elda! Amém, que possa vir mais inspiração, sim! Saudade!
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