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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Raras como diamantes

Todo vendedor que trabalha num ponto comercial costuma ouvir, várias vezes por dia, certa promessa. Digo isso com conhecimento de causa, porque tenho vendido confecções desde a minha adolescência. A promessa é a seguinte: “Depois eu volto aqui”. Acho que vou ter que explicar melhor.

Nós, vendedores, procuramos acordar bem motivados todas as manhãs e prontos para fazer boas vendas. Porém, acontece que muitas pessoas entram em nossa loja, elogiam nossos produtos, às vezes experimentam, depois dizem: “Eu volto aqui depois (para comprar o produto)”, mas nunca voltam. São raras, raríssimas as exceções.  E, quem sabe, até você que agora lê estas linhas já tenha feito isso algumas vezes. Mas qual a importância disso?

Vou chegar lá. Antes, todavia, quero contar a breve história de um rapaz que, estando numa praia com os amigos, resolveu fazer uma brincadeira. Fingiu que estava se afogando, o que fez com que seus amigos tentassem salvá-lo, desesperados. Ele pedia socorro e afundava, até que foi resgatado. Depois de salvo, soltou uma gargalhada e fez gozação das caras de preocupados que seus companheiros fizeram. Os rapazes ficaram muito chateados, pois com isso não se brinca. Porém, logo perdoaram o amigo travesso.

No outro dia, lá estava ele pedindo socorro na água novamente. Só que, desta vez, seus amigos não quiseram ajudá-lo, pois pensaram que ele estava brincando, como no dia anterior. O rapaz, infelizmente, se afogou. Ele realmente precisava de ajuda, mas seus pedidos de socorro não surtiam efeito, pois suas palavras não mais inspiravam confiança.

É uma história um tanto extrema, mas serve para exemplificar a importância de ser responsável no falar. O escritor americano Stephen R. Covey, no seu livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, diz que a nossa integridade em relação às nossas palavras é, talvez, o fator mais importante para se alcançar um nível consistente de felicidade. Segundo ele, as pessoas altamente eficazes são responsáveis com os compromissos que contraem, e não culpam as circunstâncias, o clima, ou o que quer que seja por não terem cumprido o que prometeram. Quando dizem “sim”, isto significa realmente um “sim”; e quando dizem “não”, é “não”. Se alguém não acredita que haja alguém assim, é que, possivelmente, esta mesma pessoa não se enquadra nesse padrão.

Talvez, dizer para o vendedor que vai voltar à loja, e não voltar, não seja algo grave. Mas isso pode ser um sinal de que, em outras ocasiões, você possa estar deixando a desejar no que concerne a ser responsável e íntegro com suas palavras. Um bom remédio é buscar criar o hábito de só prometer aquilo que você sabe que poderá cumprir. Os vendedores agradecem; sua felicidade também.


E como é bom lidar, negociar ou conviver com pessoas cujas palavras sejam dignas de confiança, não é mesmo?! Não são fáceis de encontrar – são raras. No entanto os diamantes, se não fossem raros, também não seriam tão valiosos.  

Publicado no Diário do Sudoeste da Bahia

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