
Frustração. Todo mundo já passou por isso.
Quanto maiores as expectativas em relação a um sonho, maior a frustração caso o
sonho não se realize. E que gosto amargo tem a sobremesa que não veio. Poderia
ter gosto de nada, mas tem gosto amargo.
O caminho da
frustração começa da seguinte maneira: num belo dia, você tem um sonho. Daí em
diante, vai alimentar esse sonho em seu coração e buscar possibilidades de
realizá-lo. Começa, então, a trabalhar pelo sonho, seja estudando muito, se
esforçando muito mais no trabalho ou insistindo em demonstrar o seu amor a
alguém que não corresponde. O tempo passa, mas sua motivação é maior. Os
obstáculos surgem, mas eles não te desanimam. Sua determinação é inabalável.
Até que... a casa cai: você não passa no concurso, é despedido, ou ouve um “não
quero namorar você, vamos ser só amigos”. O chão desaparece, a tristeza se
estabelece e a gente não sabe mais o que esperar da vida. Frustração.
O que fazer quando
aquilo pelo que lutamos simplesmente não se realiza? Ainda mais quando é algo
tão natural, como ter um filho... “Por que todo mundo pode ter e eu não?” Somente
quem ainda não alcançou aquilo que tanto se almeja sabe o quanto realmente vale
a realização do sonho. E não adianta nos dar um tapinha nas costas e dizer “não
fica assim, não. Vai dar tudo certo...”, porque já não está dando tudo certo
coisa nenhuma! E a frustração vem e se destila em lágrimas...
Longe de querer
oferecer uma fórmula para sair da frustração, quero apenas me assentar na
assembléia dos frustrados anônimos e compartilhar que, enquanto escrevo estas
linhas, sinto o mesmo sabor de sobremesa que não veio. Como sair dessa? Não sei
dizer. Mas intuo que me revoltar e destruir tudo o que construí não deve ser a
solução. É difícil enxergar, mas ainda há muita coisa boa acontecendo neste
mesmo momento e não nos damos conta.
Neste exercício de
combate à frustração, podemos buscar, com um pouco de esforço, coisas pelas
quais poderíamos agradecer. O sonho pode ter virado fumaça, mas a comida ainda
está na mesa, ainda temos o que vestir e pessoas para amar. Por que não agradecer?
Não vai doer dizer obrigado.
Outra atitude seria
entender que, se o que queríamos não se concretizou, pelo menos aprendemos algo
com tudo isso. Esse aprendizado pode nos levar a grandes conquistas futuras.
Podemos, também, valorizar o que já conseguimos: não é porque faltou dinheiro
para terminar de construir a casa que as paredes erguidas não têm valor – não
devemos derrubá-las. É melhor arejar a cabeça, pensando em outras coisas por um
tempo, até que tenhamos recobrado forças para terminar a obra.
Nessas horas, quem
exercita a fé tem uma vantagem: pode contar com Alguém além dos amigos. A
verdadeira prática da fé não prejudica a ninguém, mas fornece uma força extra
àquele que a ela se dedica. Um lembrete: é covardia culpar ao Ser Superior
pelos seus problemas, quando você mesmo não tem coragem de assumir sua parcela
de culpa no processo. Assuma seus erros e exercite a fé. Ainda que a esperança
tenha sido a última a morrer, e efetivamente tenha morrido, a fé renasce como a
fênix.
Dias vêm, dias vão, e
a dor vai ficando mais suportável. O prazer de viver está apenas escondido
atrás das nuvens escuras, mas está lá. Certa hora a chuva vai passar, e os
primeiros raios de sol surgirão com novos sonhos. E se der tudo errado outra
vez? Pode ser que eu me decepcione, mas também pode ser que eu me realize! Não
vou deixar o medo me paralisar. A fé sussurra em nosso ouvido que o melhor
ainda está a caminho. Somos sonhadores incorrigíveis... Posso ter me frustrado,
mas não consigo deixar de crer que, amanhã, ou depois, a sobremesa ainda virá,
mais saborosa do que sonhei.
Muito bom o texto, parabéns Isaacão, Deus abençoe, abração.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Marcelão! Abraço!
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