
Há alguns dias
compartilhei no meu perfil do Facebook uma imagem que rendeu alguns
comentários. Nela havia uma coruja dando um passo à frente, com uma postura que
demonstrava coragem e ousadia. Junto à ave estava escrito: “Se der medo, finge
que tem coragem e vai com medo, mesmo.” Decidi tomar isso como uma engraçada
filosofia de vida. Ainda mais porque, mesmo sem saber, por várias vezes agi de
acordo com essa ideia – como aconteceu quando resolvi vender bolsas femininas.
Um
conhecido meu, que vive em Portugal, veio para passar uns dias Brasil. Ele teve
a ideia de trazer umas bolsas femininas muito bonitas para vender por aqui, na
esperança de obter bons lucros. Porém, esteve muito ocupado e não teve tempo de
vendê-las, tendo deixado a maior parte delas aqui quando viajou de volta. Foi
então que eu resolvi ser gente-boa e decidi correr pelas lojas para vender as
bolsas, como um favor de amigo.
No
entanto, acabei me dando conta de que eu não tinha experiência em vendas porta
a porta. Daí, foi batendo um medo de não dar certo, de “pagar mico” oferecendo
produtos que poderiam não interessar aos lojistas... Fiquei me imaginando sendo
ignorado, e que meus potenciais clientes achariam que as bolsas estavam fora de
moda, que eles ririam da minha cara.
Comecei a pensar: “Como deve ser difícil ser um vendedor ambulante! Da
próxima vez que me oferecerem algo para comprar, vou pensar duas vezes antes de
pechinchar tanto...”
Acontece
que, mesmo sem saber, acabei agindo como a corujinha. Desliguei as
argumentações negativas da minha mente e dei um passo à frente entrando no
primeiro estabelecimento (antes disso, fiquei quase uma hora passando em frente
às lojas sem coragem de entrar nelas). Independentemente de ter vendido bem ou
não, no fim do dia já havia oferecido aquelas bolsas a um bom número de
clientes.
Talvez
você tenha algo a fazer que te paralise. Ao pensar nisso, sua mente começa a
dizer que não vai dar certo, que vai ser ridículo; mas você sabe que precisa
tomar coragem para realizar o que pretende. Acredito que pode ser útil repensar
sobre o que seja a coragem. Você acha que precisa ter coragem para andar de
bicicleta numa rua tranqüila? Claro que não. Mas uma criança que ainda não
aprendeu a andar sobre duas rodas acharia que sim. O que quero dizer é que a
coragem só se realiza num ambiente de medo. Ausência de medo não é sinônimo de
coragem. Alguém que tenha medo de avião, mas mesmo assim decida voar, este sim
pode se considerar corajoso.
No momento em que você for agir, elimine todo pensamento negativo da
sua cabeça. Se você já analisou suficientemente a situação, não há por que dar
à sua mente a oportunidade de criar alguma impossibilidade. Respire fundo,
aperte o botão “Desligar ideias contrárias” e dê o primeiro passo. Martin
Luther King Jr. disse: “Suba o primeiro degrau com fé. Você não precisa ver
toda a escada. Apenas o primeiro degrau.” Se fingir que é corajoso, vai
descobrir que na verdade o é.
Texto originalmente publicado no jornal Diário do Sudoeste da Bahia
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