
Certo dia, aproveitei um
feriado para ir à roça. Fui com minha namorada e nos divertimos muito fazendo
trilhas e subindo morros. Depois de termos caminhado bastante, já estávamos um
pouco cansados. Foi quando eu vi o meu pai, que tem 62 anos, carregando um
feixe de folhas de coqueiro que ele usaria para construir uma cabana. Então,
não sei se por generosidade ou por uma vontade de provar que era forte, me
ofereci para carregar aquele feixe de mais de 2m de comprimento. Imaginei que
seria fácil – afinal, eram só folhas. Mas foi aí que começou a minha via crucis.
A
missão era a seguinte: carregar aquele molho de talos de folhas de coqueiro por
uma ladeira de meio quilômetro, até chegar à casa mais próxima. Acompanhado de
minha namorada, vi naquilo uma oportunidade de mostrar-lhe o quanto ela tinha
sorte de ter um homem forte como eu ao seu lado. Postura de Schwarzenegger, feixe nas costas,
lá vou eu passo a passo sob o sol de meio-dia. Não demorou, porém, para eu
descobrir que o limite da minha força era bem aquém do que imaginava.
Alguns
metros depois do início daquela caminhada, o peso das folhas foi ficando cada
vez maior. Estranhamente, o sol parecia mais forte. A ladeira parecia não
acabar mais (e olha que eu não tinha percorrido nem um quinto do percurso!).
Isso me fez pensar nas pessoas à minha volta que enfrentam problemas que aos
meus olhos parecem simples, mas na verdade não o são. Pequenos pesos, quando
carregados por muito tempo, tendem a pesar muito mais. E agora eu já não
aguentava dar mais nem um passo... Será que eu deveria abrir mão do meu ego e
pedir ajuda?
Apesar
de relutar bastante, tive que pedir a minha namorada que me ajudasse. E aquela
história de mostrar a ela a minha capacidade extraordinária de carregar folhas
de coqueiro? Bem, tive que admitir que não era nenhum He-Man. Eu era, e ainda
sou, alguém cujas forças têm um limite e, se eu não tiver a humildade de
admitir isso e pedir ajuda, talvez nunca alcance os meus objetivos. Todos nós
precisamos dos outros para alcançar o melhor de nós mesmos.

Com
a ajuda da minha futura esposa, pude levar o feixe de folhas até a casa. Foi
difícil até para nós dois. Chegamos lá esgotados, mas conseguimos. Não somos
nada sem a ajuda dos outros. Portanto, desejo profundamente que meus leitores
possam lembrar-se disso, seja numa ladeira, num restaurante ou em um lugar
qualquer.
Texto Originalmente publicado no Diário do Sudoeste da Bahia.
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